Alguns médicos apontam a herança genética ou as alterações do sistema imunológico como as principais causas da doença. Porém, a mais aceita pelos especialistas é o que haja refluxo dos tecidos do endométrio durante o ciclo menstrual e que, em vez de serem eliminados, se instalam em outros órgãos pélvicos, fora da cavidade uterina. “Embora esteja localizada na parte externa do útero, a endometriose é susceptível à ação dos hormônios e, a cada ciclo menstrual, provoca grande incômodo e dor na cavidade abdominal. Ela tem como locais de envolvimento as trompas, ovários, intestinos, bexiga e a parede da pélvis”, afirma o ginecologista Jurandir Passos, do Delboni Medicina Diagnóstica. Ele ainda esclarece oito mitos sobre a endometriose:
Endometriose é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas.
Mito. Há sim alguns sintomas como cólica menstrual em graus variados, dificuldade para engravidar, alterações intestinais durante a época da menstruação, dor para evacuar e desconforto durante a relação sexual no fundo da vagina. Algumas mulheres ainda podem apresentar quadros de ansiedade ou depressão, relacionados à intensidade dos sintomas.
Não há cura para essa doença.
Verdade. Mas apesar de não ter cura definitiva, a endometriose possui opções de tratamento que serão adequadas de acordo com a severidade dos sintomas e do grau da doença instalada.
Aumento do fluxo menstrual é a única causa.
Mito. A endometriose depende do hormônio feminino produzido pelo ovário, o estrógeno, para seu desenvolvimento. Esse mesmo hormônio é produzido pelo tecido gorduroso, mesmo sendo uma forma menos ativa, o que favorece uma piora da doença. Além disso, a doença está associada à predisposição genética, estilo de vida, queda do sistema imunológico e alterações no fluxo menstrual.
Falta de tratamento agrava a doença.
Verdade. A endometriose é uma doença progressiva e consequentemente a falta de tratamento vai causando processos de aderências e infiltração dos focos da doença em órgãos vizinhos, podendo atingir o intestino, os ovários e a bexiga. Além disso, pode causar infertilidade em casos avançados e quadros de dores crônicas, mesmo fora do período menstrual, que não melhoram com medicações analgésicas.
A doença torna a mulher infértil.
Mito. Na maioria das vezes, a infertilidade pode ser revertida com tratamentos específicos. Na pior hipótese, a mulher é submetida a um tratamento de fertilização in vitro, que tem apresentado altas taxas de sucesso, mesmo em mulheres com antecedentes de endometriose.
Uma das chances de reversão é a cirurgia robótica.
Verdade. Quando a endometriose está em fase mais avançada e já se instalou profundamente na região do intestino, por exemplo, bexiga uma alternativa à cirurgia laparoscópica convencional é a cirurgia robótica que permite uma visão mais precisa e detalhada da região a ser operada.
Existe medicação para a endometriose.
Verdade. Em casos de grau leve de endometriose, pode-se fazer uso de diferentes medicamentos hormonais para bloquear o estímulo que ocorre sobre as lesões de endometriose, diminuir o processo inflamatório e os sintomas de dor.
A endometriose está diretamente ligada ao desenvolvimento do câncer no ovário.
Mito. Não existe essa associação, embora a endometriose possa aumentar a chance de desenvolver um cisto pequeno, chamado de endometrioma, que pode ou não ser maligno. Não é comum um tratamento da endometriose para prevenir o câncer de ovário.